terça-feira, 25 de maio de 2010

III Ultra Trail da Geira Via Romana


Era chegado o fim-de-semana mais marcante deste mês, ia deslocar-me até ao Gerês para participar na III Ultra Trail da Geira da Via Romana, sempre eram 50Km de corrida e para quem não tinha treinado nada ia sempre na expectativa do que ia sofrer.
E assim às 14h30m, era o ponto de reunião junto à porta do clube, assim aconteceu, pelas 15h já nós íamos na estrada com direcção a Caldelas perto de Amares.
Chegava-mos por volta das 18h30 à bela povoação de Caldelas, na rua principal começámos logo por ver caras conhecidas, mas a primeira fase foi tentar encontrar o local da dormida que por muita sorte encontrámos logo. Depois de estacionar a carrinha, dirigimo-nos para o local de concentração levantar os dorsais e esperar pelo brifing mas, quando chegámos já estava a desenrolar-se, ficámos a ouvir as novidades, explicações de como se ia desenrolar a prova as zonas perigosas para irmos com muita atenção para não acontecer nada de grave, zonas com lama, com pedra subidas a 10% e muitas outras precauções e por fim o percurso tinha sido alterado, já não eram os ditos 50km como acrescentaram mais 2km e uns pozinhos eheheheh.




Era chegada a noite estava na hora de ir dormir e ai é que começava o caos, eheheh, a zona de dormidas era em solo duro e era comum a todos atletas, nós tentámos fugir à confusão e montámos os colchões ao fundo de um corredor, o que achámos estranho, foi estar lá só um indivíduo, por sinal ele também achou estranho de nós estarmos ali também, até que ele nos disse que tinha sido corrido de dentro da sala onde estavam os outros a pernoitar pois ressonava muito, eheheh, a Otília e o Brito mudaram logo de zona foram para a sala onde estavam os outros e o resto do pessoal e eu ficámos, eu dei o beneficio da duvida mas ao fim de 10 minutos já não aguentei mais, o caramelo ressonava como caraças parecia uma máquina a vapor, agarrei no colchão e ala fui para outra sala que era bem mais calma.
Era chegado o domingo e a saída dos autocarros eram às 7h00, para nos levar para Espanha, pois a partida seria em Lobios.

Chegados a Lobios terras de Espanha, estava uma bela manhã, a temperatura já se começava a sentir apesar no boletim meteorológico dizer que ia baixar 10 graus, não era ali de certeza, no local da partida existia uma piscina que por incrível que parece-se já havia malta ao banho naquela hora da manhã, mas mais incrível era que a água da piscina era quente e ninguém sabia como.





Estava na hora da partida e toca a reunir o pessoal, mas antes tínhamos que fazer um juramento, como íamos percorrer maioritariamente trilhos da via romana, tínhamos que fazer um juramento, tínhamos que jurar em respeitar os trilhos e se éramos dignos de os pisar blá… blá…blá… Avé César.
Assim se dava início à prova por volta das 9h10m, o pelotão saiu num ritmo calmo e descontraído, fomos sempre junto a um rio em que a água era límpida como é raro ver-se, o nosso destino inicial era a serra do Xures, entrávamos assim na calçada romana que nos acompanhou durante muito tempo em que tínhamos que correr com atenção para não cairmos, entre calçada e singles, estradões tivemos sempre a presença de marcos romanos os chamados Milionários esses marcos eram colocados nas margens das principais vias romanas a cada mil passos eheheh, imaginem se o romano era pequeno eheheh.

Durante alguns quilómetros, tentei acompanhar o Brito, seguíamos uma táctica em correr nas partes mais planas e quando entrávamos nas subidas mais íngremes o ritmo baixava ou então íamos a andar de modo a poupar-nos um pouco, chegava-mos à fronteira de Portugal

com Espanha e ai havia um posto de abastecimento e de novo nos trilhos e foi assim durante 27km em que ia bem, o grupo era fabuloso até que comecei a sentir algum cansaço físico e parei para tirar as pedritas das sapatilhas, quando fui para arrancar parece que levei com o homem da marreta, senti o corpo a ficar ligeiramente preso, a partir dai, tentei gerir um ritmo calmo e descontraído, sempre na tentativa de me colar a alguém, chegava à barreira dos 35km`s, o corpo queria descanso mas a cabeça dizia que tinha de continuar, o sol era abrasador e durante grande parte do percurso olhava para a paisagem que me era oferecida pela natureza, era sempre uma forma de me descontrair e o mais caricato era termos que passar ao lado das vacas Arouquesas que ocupavam os nossos trilhos com o seu ar simpático, mas ao mesmo tempo desconfiado, foi assim durante alguns quilómetros que ia progredindo, parava em todos os abastecimentos o percurso era marcado por milhas, mas como tinha o GPS lá me ia guiando em Km`s, num dos abastecimentos encontrei um atleta que tinha uma bolha num pé, e os colegas diziam que assim ele não conseguia andar, senão acabaria por ficar no percurso, eu como sou do tipo marinheiro avio-me em terra para levar para o mar, levava comigo um gel tipo silicone para as bolhas e lá lhe dei um pouco para ele colocar no pé, ficou desconfiado com aquilo mas lá pôs, o que é certo ele chegou ao final e veio-me agradecer o que fiz.




Continuando a saga, lá ia eu nas minhas calmas até encontrar outro atleta com cãibras, ajudei-o no melhor que pude e a partir dai fiquei com companhia durante vários quilómetros num sobe e desce até ao posto de abastecimento, onde estavam umas caras larocas que nos diziam que faltavam 9.980mt e que era praticamente tudo plano até certo ponto e depois era sempre a descer, ai ganhámos outro animo e pusemo-nos, a correr o melhor que sabia-mos, eheheheh, as pernas já não corriam nem andavam só se arrastavam, eheheh, olhava para o relógio estava com 6 horas de prova, e pensei para mim se a moça me dizia que ia ser fácil aquela parte do percurso ia tentar ainda entrar com um tempo razoável, mas ela enganou-nos foi a parte ainda mais dura em que subimos e subimos e até no meio do nada tínhamos uma placa de sinalização a dizer 10% de inclinação, fiquei de esganar a pequena eheheh, a dado momento disse ao colega que ia comigo para se ir embora pois já não aguentava mais aquele ritmo e ele ia bem só tinha que se ir embora e não se prender para ir comigo, ficando de novo sozinho vejo outro atleta aflito com cãibras e logo me juntei a ele e a partir dai fomos até ao final na conversa em que ele resmungava que tinha ido para fazer 50km e não 52, enfim foi um muro de lamentações que no final ao entrar de novo na povoação os espectadores que por ali estavam começaram a aplaudir e a dar-nos força e ainda ganhei forças para correr até à meta e quando a cruzei foi uma sensação tão estranha que não sei descrever.
Cheguei com 52Km e uns trocados, em 7h50m, com a sensação de um feito a que me propus sem treinar praticamente nada, a última vez que tinha corrido foi em 25 de Abril, mais uma vez tive que usar o efeito psicológico para acabar uma prova.
Desde já quero agradecer aos meus colegas de equipa e que se portaram muito bem principalmente à Otìlia sempre animada, ao Brito, Marçal e ao Oliveira que fizemos esta odisseia e também ao João Dias que foi fazer o percurso mais pequeno com 15km mas nada fáceis.
Bons treinos e agora é recuperar para a próxima.

4 comentários:

  1. Primeiro que tudo parabéns Jorge, já és um ULTRA Trail.

    Parabéns também pelo excelente relato da prova, só mesmo que lá esteve é que sabe o que é fazer uma prova destas, as dificuldades são muitas, subidas, descidas, piso técnico, calor e a distância (52 km), mas no final a sensação de ter conseguido é brutal.
    O importante não é vencer mas sim conseguir terminar.

    Pelo que vi na segunda feira já estavas recuperado, pois já estavas na companhia da Sandra a dar umas pedaladas.

    Mais uma vez Parabéns, pena a Sandra ter de esperar para o próximo ano...

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  2. Olá ULTRA
    Parabéns pela tua prova com os teus poucos treinos de corrida!
    Essa é a garra de um verdadeiro Ultra!
    Não se preocupar com os tempos ou lugares mas sim em chegar ao Fim com mais uma experiencia que não é para qualquer um!
    Obrigada pela tua companhia.
    Para o ano será a Sandra a ter esse "prazer"
    Bons treinos e começa a pensar no próximo trail.
    Otília

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  3. Viva!
    Nós cruzámo-nos várias vezes na prova... Sou o artista que se estatelou a seguir à ponte sobre o rio Homem! E também um dos que acompanhava o desconfiado do gel... :)
    A última vez que nos cruzámos foi no famoso abastecimento em que eram só "9.980m sempre a descer" (ggrrrr...) e antes de arrancar disse que o almoço era bacalhau para animar as hostes!!
    Parabéns pelo esforço e pela persistência!!!
    Bons treinos.

    André Costa (http://aljb.blogspot.com)

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  4. Olá amigos

    Para o ano espero treinar mais para não ter de sofrer tanto.
    É verdade somos todos uns ULTRA Trail, mas saiu do corpinho, obrigado pelas vossas palavras.
    Ora viva André, é verdade quando falei do gel ao teu colega para pôr no pé ele ficou a olhar para mim desconfiado, o que é certo ele chegou ao fim.

    Um abraço a todos e bons treinos

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